D'ZRT
Ontem fui obrigado a ir ao Coliseu para ver os D’ZRT. Obrigado, nem que seja pela minha própria consciência, porque quem comprou o seu primeiro vinil aos dez anos de idade e quando este disco foi o 1º dos Nena (quem é que se lembra dos “99 Red Balloons”?), não tem condições morais para questionar as preferências musicais das suas filhas com 7 e 9 anos. E então lá fui eu ao Coliseu disposto a sofrer para realizar os desejos das minhas filhas e partilhar com elas a experiência do seu primeiro concerto de Pop/Rock. E sofri, e ainda estou a sofrer, as consequências físicas de uma aula de ginástica de aproximadamente duas horas, com uma criança de quase 40 kg sentada em cima dos meus ombros. Mas quanto ao espectáculo em si devo admitir que preciso de rever um preconceito, criado nos anos do grande surto de boys-bands em Portugal: 4 macacos (não sei porque são sempre quatro!?), com muito “estilo” (procura-se definições para este conceito muito relativo) e basicamente só isso, aos saltos num palco com muitas luzes, a mexer a boca numa sincronismo pouco convincente em relação ao play-back feito no computador lá de casa. E não só nas boys-bands em Portugal tem-se observado esta gritante falta de qualidade. Ainda a pouco tempo, no Live8, foi possível seguir as tristes actuações das bandas “novas”, na ocasião ainda mais obvias as suas limitações por comparação directa com as bandas da velha guarda. Os D’ZRT têm uma banda. Logo neste ponto ficam a ganhar. E têm uma banda consistente – guitarra, baixo, bateria – bons músicos. Deve haver aí uns samplers de vez em quando para encher, mas nada de play-backs. Nota-se a expressão, o sentimento, as dinâmicas na música que só um ser humano pode produzir, nunca uma máquina. Os quatro rapazes com muito estilo ;-) cantam. Eles cantam. Cantam mesmo e sabem cantar. Sabem dar o show para o público alvo (não contando com os acompanhantes adultos, parece-me que a média de idades deve muito dificilmente ultrapassar os 10 anos!) e dão 150% durante todo o concerto (só não digo que dão 200% porque já vi o “Emir Kusturica and the No Smoking Orchestra” ao vivo e na mesma sala e estes sim deram 200% ;-) ).
Não me vou tornar fã dos D’ZRT, mas não vou mais compará-los às péssimas boys-bands que durante tanto tempo nos atormentaram cá em Portugal. Não me vou tornar fã da música dos D’ZRT, mas já me custa muito menos aceitar, que as minhas filhas o são.
Bati palmas no meio das músicas e no fim. Bati palmas porque mereceram. Porque respeito um bom trabalho quando o vejo e pela alegria que deram às minhas filhas.
Não me vou tornar fã dos D’ZRT, mas não vou mais compará-los às péssimas boys-bands que durante tanto tempo nos atormentaram cá em Portugal. Não me vou tornar fã da música dos D’ZRT, mas já me custa muito menos aceitar, que as minhas filhas o são.
Bati palmas no meio das músicas e no fim. Bati palmas porque mereceram. Porque respeito um bom trabalho quando o vejo e pela alegria que deram às minhas filhas.
1 Comments:
LOL
Estou perdida de riso com esta tua deliciosa ternurenta confissão.
Ah!... muito deve custar, aos ombros, ser pai babado... o que vale é que, por sua vez, o coração compensa, num jogo de equilíbrio só possível a esta maravilhosa essência humana que nos caracteriza (ou pelo menos, a alguns de nós!).
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